A minha fila estava parada e a fila do lado estava barrada por um camião de
umas obras. O fulano do lado aproveitou o meu arranque suave e elegante para
atravessar-se na minha frente, sem pisca, sem olhar. O tipo atrás de mim
passou-se. Buzinou até acordar a mãe.
Olhei para o tipo que se meteu, num Audi TT descapotável.
Semi-careca loirinho, pálas escuras, a falar para o lado. Ao lado dele
via-se a ponta de outra cabecinha, com óculos a fazerem de bandolete. Loira. O
mesmo tom. Vão ao mesmo salon e pedem o mesmo tom!
Adiante havia um semáforo a fechar e decidi: Vai ter de parar e já lhe digo
qualquer coisa melhor do que refilar e buzinar:
“Pena esse carro ser feito para homens mais altos. Olhe esse braço. O
cotovelo para fora à altura da cabeça. Os ombros não se vêem. Fica-lhe mal. O
carro fica-lhe mal, está a ver? Ela nem sequer consegue ver para a frente. Usem
umas almofadinhas.”
Mas não deu. Ele passou o semáforo já no vermelho descarado, obviamente com
medo de ficar perto do tipo que vinha atrás de mim. Para esse nem olhei. Não
partilho as minhas raivas com qualquer um.
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