O poder de Sarah Jessica Parker qualquer portuguesa pode admirar: dose pequena, mas forte no tempero.
Este
Setembro, Sarah e o marido Matthew Broderick voltaram a pôr à venda o
apartamento que têm em Nova Iorque. Passados uns meses da primeira tentativa,
fizeram um desconto de 3 milhões e daí o preço de saldo de 22 milhões de
dólares. Em euros parece menos: 17,136,626 €.
São 632
metros quadrados em Greenwich Village, New York City, East 10th Street. Não faço
nenhum cálculo de mensalidade, mas os juros andam baixos… Comparado com este, o
apartamento típico naquela zona é uma arrecadação.
Claro que
temos de dar sempre o desconto a estas fotos de revista. As casas parecem todas
acabadas de sair da embalagem, ainda a cheirar a verniz.
Seja como
for, esta casa é fabulosa… tirando alguns objectos que destoam e mostram todos
o mesmo gosto de bricabraque de luxo: parece que foram comprados todos no mesmo
dia e na mesma loja e distribuídos para taparem qualquer espaço vazio. Vamos
brincar:
Os livros da sala de estar têm o ar de terem sido arrumados conforme as cores. As gravuras são todas da mesma colecção. O pó deve cair todo num recipiente próprio. Ao menos não há nada a mais, tirando a raquete cor-de-rosa…
O desenho da
sala de jantar segue a mesma linha de limpeza visual, mas… as coisas estão
todas erradas. As jarras por cima da lareira parece que foram postas pela mesma
ordem que tinham na loja.
As cadeiras triangulares
lembram máquinas de fitness e ali só rabos de ginásio podem ser felizes. Aposto
que há cadeiras normais na despensa.
As
bugigangas que fazem de candeeiros ligam com o brilho do quadro que parece
feito de cobre. Aliás, os quadros são de quem não gosta de pintura. Não passam
de materiais com ar caro esborrachados em molduras. A coisa enrugada de cor
escura é a versão chique daquelas máscaras de cabedal do Magrebe que toda a
gente espetava na parede há uns anos. Não.
A mesa, de
um lado, parece muito bem, em estilo forte e pesado, com a textura natural à
mostra. Mas do outro lado tem aquela coisa redonda que parece uma gaveta para enfiar
as crianças de berço à hora do jantar.
A cozinha,
em compensação, é um palco para um grande show. Boa para largar um monte de
amigos e fazer uma festa de vinho verde e marisco. Quem ficar para dormir, amanhã
limpa!
O quarto está muito bem, mas há mais um “quadro” todo enrugado e todo reluzente, e uma coisa dourada em cima da cómoda com arestas perigosas. Um espelho no quarto não faz o meu género, mas o facto de não estar à frente da cama já dá um ar de boas maneiras.
O quarto de
banho é outro bom cenário. Nada a dizer. Dois lavatórios bem afastados. Numa
manhã apressada, dá jeito, tal como o duche duplo. Evita-se a pergunta mais
chata da intimidade: “Vais tu ou vou eu?”
E o roupeiro! A casa tem dois, mas a Sarah querida deve despachar roupa à semana porque os cabides têm bastante espaço. Não faltam as farfalhices e as tigrezas do momento. Os sapatos são poucos e bem escolhidos, rigorosamente separados por categorias. Só me falta uma amiga assim: uma pessoa que precisa de desordem na sua vida!
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