quarta-feira, 15 de outubro de 2014

O HUGO É BOSS





Já todos passámos por isto. Vamos na rua e somos abalroados por gente com a cara enfiada num coiso brilhante, tão enfiada que nem dispensam um segundo para aquele hábito antiquíssimo de dizer desculpe/perdão/perdoe, etc., olhando para a pessoa que foi perturbada pelo descuido. São 2 segundos!

Já nem exijo aquele demorado tempo de conversa e interacção social que é dizer: “peço imensa desculpa”.

Romances completos já começaram com este tipo de pequenas delicadezas.

A propósito de romance (e de internet e coisos com internet móvel), Hugh Grant deu mais uma daquelas entrevistas em que alguns jornalistas têm o privilégio de se sentarem diante do actor e entrar em diálogo, e mais duas centenas de outros têm o direito de gravar as suas perguntinhas em separado para depois colarem as respostas que lhes possam servir, das que o actor gravou previamente (são os tais “Exclusivos!”). 

Foi para lançar o seu último filme, uma rom-com chamada "The Rewrite" (com Marisa Tomei). O título refere-se obviamente à prática de reescrever guiões até estarem ao gosto da Produtora e/ou Realizador que se usa na indústria do cinema. Em Portugal o filme vai chamar-se qualquer coisa como "Lições de Romance"... ou "Final Inesperado", etc. Tentar adivinhar os nomes foleiros dos filmes que lá vêm por acaso é um jogo divertido.






Enfim. Diz o Hugo, no seu estilo muito bem polido, que a época mesmo antes do digital foi muito melhor. Que com a internet a capacidade de atenção que ele próprio tinha encolheu gravemente, “Eu, que dantes até lia romances”, diz, com uma modéstia tão catita que comove.

E sai-se com uma boa caricatura deste tempo de umbigos wireless, constantemente a emitirem as suas mais pequenas comichões emocionais:

"Já não sou capaz de chegar ao fim dum tweet sem me aborrecer."




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